este espaço pretende discutir questões referentes ao universo feminino, trocar idéias e experiências, objetivando contribuir de alguma forma para as vivências de mulheres contemporâneas.
Sou uma (quase) Historiadora apaixonada pelas histórias que envolvem o universo feminino. Tudo o que faz referência a este universo poderá ser abordado aqui, pois, pretendo compartilhar vivências, opiniões, medos, gostos, sonhos, alegrias, enfim, tudo aquilo que está relacionado aos recônditos do mundo feminino.
Sabe "aqueles dias" em que você se transforma num poço de mau humor e fica extremamente irritada com tudo e todos? "Aqueles dias" em que você fica tão sensível que é capaz de chorar, mesmo quando vê a cena mais boba daquela comédia romântica que tanto adora? E se sente um trapo porque está inchada e tudo que coloca fica um horror? Pois é, são as tais regras que acometem as mulheres mensalmente e com elas os muitos incômodos decorrentes desses dias que causam verdadeiros transtornos em nossas vidas. A Tensão Pré-Menstrual, também conhecida como TPM, exerce uma grande influência no nosso dia a dia, chegando, inclusive, a limitar nossas atividades mais corriqueiras. Além dos sintomas já citados, muitas mulheres ainda tem que lidar com as terríveis cólicas que aparecem nesse período. E dá-lhe medicamentos para amenizar os sintomas. É comum também que até os homens padeçam com esses transtornos, principalmente se convivem com mulheres que enfrentam crises agudas nessa fase. Por isso, aqui vai um pedido: homens, sejam muito pacientes e tolerantes "nesses dias". E, por favor, façam de tudo para não contrariar sua mulher.
"Você me escreve dizendo que não gosta mais dele. É verdade? Não se precipite em julgamento. Há períodos, mesmo na vida conjugal mais harmoniosa, em que não é o amor o que predomina. Seja paciente. O fato de você não se sentir apaixonada não quer dizer que tenha deixado de gostar dele. (...)"
(LISPECTOR, Clarisse. Só para mulheres: conselhos, receitas e segredos. Org.: Aparecida Maria Nunes; Rio de Janeiro: Rocco, 2008; p. 61.)
Ao publicar o texto acima, no Diário da Noite de 18 de julho de 1960, Clarisse Lispector, sob o pseudônimo de Ilka Soares, tentava aplacar a aflição pela qual certamente passava a leitora que a escrevera solicitando-lhe uns conselhos acerca de sua vida conjugal. O argumento de Lispector no decorrer de sua resposta é o de que a vida a dois está sujeita a passar por altos e baixos em função da rotina que, por vezes, se estabelece entre o casal. De acordo com ela, o cotidiano monótono induz os cônjuges a questionarem sobre seus sentimentos com relação ao outro, o que acaba por ser responsável por muitos conflitos nos relacionamentos. Prosseguindo com os conselhos, Clarisse comenta que talvez a leitora esteja passando por um período de “excesso de tranqüilidade” em seu casamento e que é normal isso resultar em “pensamentos mais desanimadores”, como os que ela está tendo naquele momento. A angústia da leitora de Clarisse certamente é a mesma que acomete muitos daqueles que iniciam uma vida conjugal, pois, é certo que a convivência diária vai se revelando menos atraente com o passar do tempo. O que era novidade se transforma em algo comum, trivial. E as coisas que antes passavam despercebidas, tornam-se extremamente evidentes e incômodas. As manias, os defeitos, os excessos, os gostos duvidosos que inicialmente se compreendia e se tolerava, agora irritam tanto, que você se pergunta onde estava com a cabeça quando concordou em viver com alguém tão diferente da sua personalidade. O “até que a morte os separe”, nessas horas, perece ser uma eternidade angustiante. Então você começa a se questionar sobre seu sentimento por esse indivíduo que deixa a tampa do vaso sanitário levantada, que não gosta de ir ao cinema porque não suporta ouvir as risadas e as conversas paralelas, que assiste aos jogos de futebol rigorosamente às quartas e aos domingos e, não satisfeito, ainda assiste aos comentários que são exibidos em vários canais no domingo à noite, enfim, são inúmeras as situações que o dia a dia vai fazendo você perceber e refletir sobre se vale a pena continuarem juntos ou se o amor que existia no início do namoro ainda sobrevive. Afinal, você o ama? Quer realmente viver com essa pessoa? Ele é o homem da sua vida? Está mesmo disposta a passar por cima de tudo aquilo que a incomoda nele? Ou seria melhor, então, jogar tudo para o alto e ir atrás de alguém que não a irrite tanto? Enfim, são questões que fazem você viver um conflito interno muito grande. Mas aí você começa a lembrar dos momentos felizes que passou com ele, de o quanto ele é companheiro, de como ele a conforta nas ocasiões mais difíceis e de como ele se preocupa se você não está estudando como deveria para a monografia ou para passar naquele concurso público que tanto almeja. Tudo isso a faz pensar acerca dos conselhos que Clarisse dera a sua leitora naquele ano de 1960 e que ainda cabe perfeitamente nos dias de hoje. Às vezes desejamos algo muito fantasioso, distante da nossa realidade, como na novela onde o casal acorda com os rostos incrivelmente maravilhosos, a mocinha com o cabelo alinhado, o mocinho com a bandeja de café na mão e um sorriso lindo. É tudo tão perfeito... Mas devemos nos ater à vida real. Não que uma vez ou outra ele não possa surpreender com uma ação desse tipo, mas temos que lembrar que a vida a dois não nos reserva a felicidade ou o amor em tempo integral. Existem também os momentos de dificuldades, de conflitos. E nessas horas precisamos exercitar a tolerância, afinal, o que é a convivência senão um exercício diário de tolerância e respeito ao próximo? Concluo, portanto, com os sábios conselhos de Clarisse, que recomenda a sua leitora: “não estrague sua vida com sonhos impossíveis e falsos”.
Graças a uma amiga blogueira, acabei atentando para a peculiaridade deste dia: o dia do amigo. Em homenagem a esta data, que no Brasil é comemorada em 18 de abril, ofereço um abraço super afetuoso aos meus antigos e novos amigos. Beijos a todos!
Há dias que uma música não sai da minha cabeça. Sonhei com ela no início da semana e desde então não paro de cantarolar. Trata-se da belíssima canção Hymne à l'amour de Edith Piaf. Esta admirável mulher, que acredito ser o maior expoente da música francesa, saiu dos subúrbios de Paris, onde ganhava a vida cantando nas ruas, e encantou o mundo a partir dos anos 30 com sua voz inigualável. Hymne à l'amour, composta em 1950, representa mais que uma declaração amorosa: é uma homenagem, um elogio ao amor. Piaf a compôs num momento em que encontrava-se completamente enamorada pelo pugilista Marcel Cerdan, o grande amor de sua vida, demonstrando, assim, toda a magnitude e beleza que existem no amor, o mais nobre dos sentimentos. Sem mais delongas, curtam a belíssima voz de Môme Piaf.
Hino ao amor
Letra: Edith Piaf Música: Marguerite Monnot
O céu azul sobre nós pode desabar E a terra bem pode desmoronar Pouco me importa, se tu me amas Pouco se me dá o mundo inteiro
Desde que o amor inunde minhas manhãs Desde que meu corpo esteja fremindo sob tuas mãos Pouco me importam os problemas Meu amor, já que tu me amas.
Eu irei até o fim do mundo Mandarei pintar meu cabelo de louro (ou: Me transformarei em loura) Se tu me pedires Irei despendurar a lua Irei roubar a fortuna Se tu me pedires
Eu renegarei minha pátria Renegarei meus amigos Se tu me pedires Bem podem rir de mim Farei o que quer que seja Se tu me pedires
Se um dia a vida te arrancar de mim Se tu morreres, se estiveres longe de mim Pouco me importa, se tu me amas, Porque eu morrerei também
Teremos para nós a eternidade, No azul de toda a imensidão No céu não haverá mais problemas Meu amor, acredite que nos amamos. Deus reúne os que se amam.
Quero abrir este blog com um post em homenagem à Florbela Espanca (1894-1930), poetisa portuguesa cuja obra foi marcada por temas como sofrimento, tristeza, amor e anseio pela felicidade, talvez como reflexo de sua conturbada vida particular. Além dessas características, verificamos também em sua obra a presença de uma forte carga de erotismo e feminilidade, desvelando dessa forma, os sentimentos e a intimidade feminina fortemente reprimidos, pois, durante séculos a mulher foi estritamente relegada à esfera do privado, enquanto que o homem era associado ao espaço público, portanto, não convinha publicizar os recônditos femininos, tal qual o fez Florbela. E ela o fez tão perfeitamente que a crítica a considera como uma das maiores figuras femininas da literatura portuguesa do início do século XX, apesar de seus contemporâneos não atribuirem a ela o devido reconhecimento, por vezes tratando seu trabalho de forma preconceituosa. Por tudo isso, ela é uma das minhas escritoras favoritas e sua obra merece notoriedade. O soneto a seguir é intensamente marcado pelo erotismo feminino e trata-se de um dos meus prediletos. Viva a "poetisa eleita"! Viva Florbela Espanca!
CHARNECA EM FLOR
Enche o meu peito, num encanto mago, O frémito das coisas dolorosas... Sob as urzes queimadas nascem rosas... Nos meus olhos as lágrimas apago...
Anseio! Asas abertas! O que trago Em mim? Eu oiço bocas silenciosas Murmurar-me as palavras misteriosas Que perturbam meu ser como um afago!
E nesta febre ansiosa que me invade, Dispo a minha mortalha, o meu burel, E, já não sou, Amor, Sóror Saudade...
Olhos a arder em êxtases de amor, Boca a saber a sol, a fruto, a mel: Sou a charneca rude a abrir em flor!